Sonho

Dave Asprey

Certa vez li uma frase num caderno que encontrei jogado no chão da biblioteca, nunca mais consegui esquecê-la. Era "Toda noite o mesmo sonho, toda manhã, o mesmo pesadelo", talvez o motivo seja porque minha passara a ser guiada por essa verdade absoluta. As noites, as noites cheias de sonho e fantasia, eram boas, encantadoras, poderia até descrevê-las como mágicas; não, elas eram mágicas, não havia dúvida. Meus sonhos se construíam ao meu redor e Olivia estava lá, patinando no gelo com seus patins cortantes de cristais num lago congelado e nuvens cor de rosa ao redor. Estamos no céu, numa rocha flutuante abaixo de nuvens de algodão doce.

Ou, quase sempre, era algo mais normal. Um café da manhã antes dela ir à escola com troca de piadas bobas, uma reunião de pais e mestres onde a professora rasgava-lhe elogios ou uma memória de quando ela me deu um cartão do Dia dos Pais e uma xícara feita de massinha de modelar. Às vezes, o sonho ia para o futuro e Olivia se formava na faculdade de física, eu a levava ao altar de um lado e sua mãe a levava do outro, eu lhe dava um lindo terno de alta costura que ela amava, fazíamos aquela viagem para Las Vegas que sempre brincávamos que faríamos.

As noites eram boas desse jeito, a felicidade resplandecia e eu me sentia realizado. Era diferente do mundo desperto, o mundo sem Olivia. Um mundo errado, um mundo sem razão de ser, um mundo que, honestamente, deveria ter deixado de existir no momento em que ela se fora. "Toda noite o mesmo sonho, toda manhã, o mesmo pesadelo".

Certamente é.

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Por: @alanablumcamp

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