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Outro dia estava dando uma aula sobre autobiografia. Para iniciar o assunto, várias perguntas de respostas pessoais eram feitas e uma delas era "Você acha que conhecer a história de outras pessoas te ajuda a entender melhor sua própria história?". Eu, particularmente, acho que sim e foi por isso que resolvi dividir essa pequena descoberta aqui.
Você não é preguiçosa.
Eu não sou preguiçosa.
Não somos preguiçosas, estamos cansadas.
Hoje em dia, e até muito antes, surgiu essa pressão para que estejamos sempre sendo produtivas e as pausas, aqueles momentos em que fazemos vários nadas, não são vistas com bons olhos. Esse julgamento com o qual crescemos, essa pressão diária que vem de várias fontes nos instigando a não parar, tudo isso faz com que a gente se sinta mal por não estar fazendo nada. Mas a realidade é que fazemos milhares de coisas o tempo todo. E, sério, não tem nada demais em parar quando pode e fazer nada. Assistir série. Ver vídeo no Youtube.
Também convivo com a pressão externa e principalmente, com a pressão interna. Essa voz insistente que sempre diz que eu deveria estar fazendo isto ou aquilo, quando estou vendo série ou relaxando. Tomar chá, acender incenso, ler?? Não, não pode. Tem que estudar, fazer exercício, trabalhar, faxinar a casa, comer melhor e mais um monte de coisas que vem à mente nesses momentos.
Essa semana, com o feriado prolongado, consegui parar e respirar. Consegui dormir noites inteiras, até acordar voluntariamente na manhã seguinte. Sem despertador, sem um monte de obrigações ao longo do dia. E o resultado é que me sinto mais animada para fazer outras coisas. Fiz as unhas, passei um esmalte rosa neon, hidratei o cabelo, cuidei das plantas, e estou aqui escrevendo um post. Me sinto mais calma, descansada, com mais vontade de fazer outras coisas que gostaria de ter feito antes, mas que não consegui. Porque eu estava cansada demais.
Talvez você se sinta da mesma forma. Talvez você queira fazer algo que não está conseguindo fazer e se sinta culpada nos poucos momentos que tem para parar e respirar. Porém, te peço, acredite em mim. Você é apenas um ser humano. O corpo cansa. A cabeça cansa. E esse descanso é necessário e deve ser vivido sem culpa. E, de verdade, quando você puder parar e descansar por um tempo, vai perceber que você é diligente. Você pode fazer o que quiser quando aprender a respeitar as suas limitações, não apenas físicas e mentais, mas de tempo também.
Você não é preguiçosa.
Por @thawanarosa_
Quando conheci Lygia? No melhor lugar onde alguém poderia conhecê-la, na biblioteca. Claro, não foi pessoalmente, não a conhecia em carne em osso, eu, como muitos leitores, conheci a verdadeira Lygia: por meio de suas obras.
O primeiro livro foi um de capa desgastada, o suficiente para saber que ele fora muito lido; uma obra convidativa. Uma árvore grande e escurecida pela sombra, um fundo com pôr do sol e, ao pé da árvore e iluminadas pelo sol que morria, lápides. Uma capa sórdida e tristonha para um título aparentemente otimista: Venha ver o pôr do sol.
A escrita de Lygia Fagundes Telles é clara, preciosa, tecida com cuidado. Ela constrói a batalha, muitas vezes perdida, do pessimismo contra o otimismo; um dia de Carnaval feliz pode ser precedido pela morte de um familiar. Ou, não raro, suas palavras cobrem a esperança, para então, destruí-la no final como uma chama na chuva; uma mulher que perdera tudo e vai passar o natal com seu filho, pode acabar o perdendo também.
Lygia é a escritora que todos desejamos ser algum dia. Aquela que escreve histórias que ficam com a gente, que ficam presas em nós e nos fazem sentir. Sentir demasiadamente.
A partida de Lygia ocorreu, porém, é como dizem: "um escritor sempre vive quando sua obra é lida.". Lygia Fagundes Telles é uma das maiores autoras que o mundo já viu, ela imprimiu sua marca para sempre na história da literatura e do Brasil. Lygia é, mais do que tudo, eterna.
Tive uma história complicada com Objetos Cortantes, ô se tive. Não, não estou falando da série da HBO com a perfeita Amy Adams (que mulher!) e sim do livro no qual ela foi baseada. Escrito por Gillian Flynn, ele é um romance policial que mostra uma jornalista retornando à sua odiada cidade natal no interior para escrever uma matéria sobre dois assassinatos de meninas. Enquanto tenta realizar este trabalho, ela precisa lidar ainda com sua família por precisar ficar na casa deles, entretanto, a relação com sua mãe e irmã é permeada por frieza e falta de qualquer amor.
Em primeiro lugar, eu não desmotivo ninguém a deixar de ler a obra. Sério, leia. Não é no nível de Garota Exemplar, mas as temáticas trazidas valem muito a pena, principalmente por serem pouco discutidas na literatura contemporânea ou até de uma maneira geral, como mães narcisistas e mães que não amam seus filhos. É uma discussão polêmica, mas necessária, afinal de contas, parir não faz de ninguém uma mãe e sim amar e criar a criança com respeito e carinho.
Quanto ao mistério central... é complicado. A jornalista fica o tempo todo de mãos atadas já que a polícia não quer dar informações e os parentes das crianças assassinadas também não estão muito a fim de falar, a não ser pelo pai de uma delas. Então meio que a gente, o leitor, fica frustrado junto com a protagonista e sem receber informações suficientes ou pistas. E o fato dela ser uma jornalista e não ter nenhum objetivo além de escrever a matéria, enfraquece bastante o enredo.
Normalmente, jornalistas em romances policiais tem razões para pegar uma matéria, mesmo que só um senso de justiça ou um pagamento no final, e acabam por eles próprios investigarem, lutarem por pistas e contra a incompetência policial. São pessoas ativas, que não querem só escrever uma matéria, mas realmente encontrar o culpado e ajudar a comunidade.
Aqui, isso não existe. Ela quer escrever a matéria e vazar, só isso. Eu não ligo para protagonistas que não querem ser heróis ou ajudar, mas eu gosto de pessoas ativas, que vão lá e investigam, interrogam, vasculham, lutam por desvendar o mistério. É um romance policial, se a própria narradora não parece ligar para a investigação, por que eu ligaria?
De qualquer forma, Objetos Cortantes brilha mesmo na relação da filha, sua mãe e irmã, uma relação familiar transtornada, mas que todos fingem que não há nada de errado. Entre abraços falsos e boa educação, a mãe está sempre disposta a fingir um amor inexistente, a origem dos distúrbios da protagonista. É muito interessante, gostaria mesmo que a autora tivesse desistido de tentar uma história de mistério fraca e focasse somente na família.
Se você gosta de narrativas sombrias que perpassam por famílias problemáticas, então sim, recomendo a leitura!
O Final (SPOILERS)
LEIA O LIVRO ANTES DE LER ESTA PARTE.
Para mim, o final é uma decepção sem tamanho. E eu não sei se o problema sou eu ou o livro. Eu sabia que teria algum plot twist, então eu redobrei minha atenção durante a leitura. Foi meu erro? Eu amo suspense, thriller e mistério, amo Agatha Christie (nada acima da RAINHA), adoro ficar juntando pistas e investigando junto com o protagonista quem é o assassino. É um jogo. Existem técnicas para se criar e esconder um assassino no livro, grande parte criada e utilizada por Christie e autores contemporâneos que se inspiram nela. Por isso, quando existe algum personagem muito óbvio, ele provavelmente não é o assassino. Essa é regra principal na escrita de um romance de mistério.
Mas isso não acontece em Objetos Cortantes. O óbvio é o óbvio. A pessoa que foi apresentada como vilanesca, ruim e mal caráter.... surpresa, é a assassina! Sim, a garota que odiava as vítimas, fazia bullying com elas, as atacava e era a favor de homens estuprarem mulheres... surpresa, ela é a assassina das mesmas meninas!
Sério, eu estou maluca? Por que raios a autora DESDE O COMEÇO apresentou essa irmã como uma pessoa péssima, que ataca, tortura e odeia mulheres se ela seria a assassina!? Era a escolha mais óbvia possível, então por que??? O plot twist era mesmo esse? A pessoa ruim... é na verdade uma pessoa ruim? É isso?
A autora tenta fazer um segundo plot twist também: a mãe na verdade tem Síndrome de Munchausen por Procuração e adoece a filha menor (a assassina), mesma coisa que fez com a outra filha que morreu. É uma revelação muito melhor, não desconfiei, mas é aquilo, tem o mesmo erro da outra. A revelação é que essa mãe ruim... é na verdade uma mãe ruim?
Ou seja, ela apresentou duas pessoas ruins na história, batendo na tecla o tempo todo de que elas são ruins. Depois, inventa um plot twist de que na real, essas duas pessoas são ruins. Não tem lógica, parece erro básico de iniciante. Fiquei tão consternada que pesquisei e descobri que Objetos Cortantes foi o primeiro livro dela. Só que o livro também recebeu prêmios, então, talvez o problema seja eu. Eu esperei um final genial e mirabolante, por isso me decepcionei? Mas novamente, por que raios ela escolheu um plot twist tão óbvio?
Acho que esse é um dos livros que jamais vou entender. Talvez ela tenha escolhido falar sobre famílias disfuncionais e colocado o mistério só como pano de fundo, por isso não caprichou; talvez o objetivo sempre sido falar sobre problemas mentais e acabou colocando o mistério para encher linguiça. Ou talvez a identidade do assassino nunca foi importante e o fato de existir um "plot twist" tenha a ver com os fãs da autora que acabam fazendo um marketing ruim.
Bem, a lição fica para mim mesma. Leia sem pretensões e não espere um nível Agatha Christie de nenhum livro. Isso só causa decepção, mesmo que o livro não seja ruim.
Zenklub |
Está tudo certo.
Nada de diferente aconteceu na sua vida, é um dia como qualquer outro. Só que não. De repente, suas mãos parecem trêmulas, uma angústia ou raiva injustificada oprimem seu peito, o coração bate acelerado e se você prestar atenção pode quase ouvi-lo. As lágrimas chegam aos olhos sem aviso ou razão. Você quer comer qualquer coisa doce, quer sair e ao mesmo tempo quer ficar, na alma o sentimento de descontrole. Parabéns, você está tendo uma crise de ansiedade.
Ela chega sem aviso, rouba pedacinhos da nossa mente, nos deixa resumidos a uma pilha dolorosa de nervos. Às vezes é desencadeada por algum acontecimento ou pessoa, ou às vezes só está lá para te lembrar que ela existe e passa muito bem, obrigada.
Na internet, milhares de soluções e na nossa cabeça, milhares de dúvidas e pensamentos. Conviver, lutar, qual é o caminho certo? Tem caminho certo?
A ansiedade se tornou íntima de muitas pessoas nos últimos tempos. Está sempre à espreita, esperando a oportunidade perfeita para te tirar do controle de sua própria mente e corpo. É a materialização do inferno.
Quando ela chegar 一 de novo 一 respire fundo. Prenda a respiração por três segundos e solte devagar. Preste toda a atenção do mundo em cada órgão envolvido no processo respiratório. Faça isso até sentir o coração mais lento. Chore, converse com alguém, encontre aquele seu hobby que te desliga do mundo. Você não está sozinha. Ela vem e volta, mas no fundo ela sabe que a senhora da sua vida será sempre você. E somente você.
Por @thawanarosa_
Às vezes você quer relaxar e descansar a cabeça, outras, quer estudar ou escrever. De qualquer forma, um som de fundo pode ser o que precisa para conseguir fazer uma dessas coisas. Como gosto bastante de escrever e relaxar com vídeos do Youtube, imaginei que seria uma boa compartilhar esta subcategoria maravilhosa!
Vídeos de clima (chuva, mar, ventos, nevasca etc.)
É auto explicativo, não? Pouca coisa é mais relaxante que um vídeo de 10h com o barulho de chuva, subcategoria sempre bombando, com áudio normalmente muito bom e para todos os gostos: chuva forte, chuva fraca, trovões, tempestades e até mudança de cenários, como chuva contra a janela, no carro, no telhado etc.
Tem até mesmo nevascas, ventos, mar, se você tem vontade de relaxar ao som da natureza, pesquise que provavelmente vai encontrar!
Dica de vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=guo8CHurCpY
Vídeos de Ambience (cafeteria, biblioteca, cabana com lareira etc.)
Ambience é ambiente, mas, neste caso, é literalmente! Nesta categoria, você vai se sentir como se estivesse nesses ambientes, basta escolher o som e imaginar. Cafeterias, bibliotecas, ruas de certas cidades, cabanas no meio da floresta, são várias opções. Ouvir a cafeteira funcionando, um jazz ao fundo ou uma lareira numa cabana é mais relaxante do que você poderia imaginar.
Dica de vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=c0_ejQQcrwI&t=709s
Vídeos Lo Fi
É bem difícil dizer o que é o Lo Fi se você nunca ouviu. No geral, Lo Fi é uma trilha sonora longa, de "baixa qualidade" técnica proposital, pois os compositores geralmente não são da indústria, o que torna os sons numa vibe indie, pessoal. É comum uma melodia atrelada ao rap ou hip hop, em versões mais lentas e misturadas com ruídos sonoros satisfatórios, como sons ambiente ou vozes ao fundo (daí o termo "baixa qualidade"). O Lo Fi tem uma pegada nostálgica, ouvir é como apreciar melodias tranquilas de outras épocas.
Dica de vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=4Hg1Kudd_x4
Dica de live: (a maior live do Youtube até agora é esta clássica de Lo Fi): https://www.youtube.com/watch?v=5qap5aO4i9A
Vídeos Ambience focados em transportes (trem, ônibus, carro, nave espacial etc.)
Olha aí outra categoria Ambience, mas neste caso, uma voltada a transportes. Isso mesmo, você pode dormir se imaginando numa viagem de trem ou escrever fingindo estar em uma nave espacial.
Dica de vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=HFBjfzsOtx0&t=426s
A degustadora de histórias: sebo e livraria combinados graciosamente
fevereiro 02, 2022
A degustatora de histórias |
Conheci o sebo e livraria A degustadora de histórias por acaso. Uma moça de um clube do livro que faço parte postou algumas fotos no Instagram. Além de eu achar o local lindíssimo, muito acolhedor e com um boneco de feltro do Poe familiar, me senti contente por saber que esse lugar estava situado na cidade vizinha. Comecei a seguir o perfil no Instagram, planejando visitar algum dia e, como muitas outras coisas na minha vida, fui protelando. Aí um dia, naquele mesmo clube do livro, soube que tinha uma livraria em Ribeirão Preto com a qual podia-se trocar seus livros por outros livros, ou ainda por dinheiro, e com um valor justo. E era o mesmíssimo sebo e livraria: A degustadora de histórias. Pensei: "É o destino me dizendo que eu realmente preciso visitar esse lugar, porque tirei um monte de livros e não sabia o que fazer com eles". Entrei em contato com o perfil para saber os horários de funcionamento e descobri que uma das sócias do local era a minha ex-professora orientadora do TCC da faculdade. Felicidade é um eufemismo para como me senti com essa descoberta. Lembra do boneco familiar, o Poezinho? Era desta professora.
Assim, marquei com a Alana de irmos lá (e tentamos incluir nossa outra amiga do TCC, mas não deu certo. Cami, você está nos devendo um passeio!). Gente, que lugar lindo! É muito acolhedor, a Mel, dona d'A degustadora, estava lá e é uma fofa. Tem um piano que, se você tiver sorte, ela vai tocar lindamente. E, é claro, se você souber tocar também pode sentar-se lá e agraciar a todos com seu talento.
A parte do sebo e da livraria são separadas e nenhuma das duas partes deixa a desejar! Tem uma escada literária muito "instagramável", é garantia de fotos bonitas! E para quem acompanha o perfil no Instagram, tem sempre alguma coisa legal rolando. É clube do livro, é petisco literário, é livro novo, é livro usado, é livro de graça, é livro surpresa... tem de tudo para todos os gostos.
Sinceramente, depois daquela crise das editoras e do fechamento da Saraiva do Santa Úrsula em Ribeirão, que era até então a minha livraria favorita, fiquei meio desanimada com o futuro dos livros aqui no Brasil. Mas A degustadora me faz ter esperanças. É um comércio local, pequeno, mas que entrega muito e está sempre inovando. Ah, e tem também o site, recheado de coisas boas.
Se você é de Ribeirão Preto e região, faça uma visita! E para todo o resto do Brasil, o site está aí cheio de tudo que há de bom no universo literário.
Por: @thawanarosa_