Eu deveria, deveria mesmo estar fazendo lição. Entrei no
E-mail para baixar um arquivo e quando saí, me deparei com a notícia “30 homens estupraram uma menina. E divulgaram o vídeo na internet. Não vamos nos calar”.
A chamada da notícia é chocante por si só. Como sou uma pessoa que estuda,
trabalha, sou catequista nos fins de semana, e que usa os tempos livres basicamente
para fazer trabalhos da escola, não soube dessa notícia horrível antes.
Fui lendo a matéria. Estava parecendo uma notícia normal, e
até gostei do enfoque, achei justo. Então, no final da postagem me deparo com
slides mostrando a “opinião de internautas” no twitter. Todas as postagens colocam a mulher em geral como culpada do
estupro por usar roupas curtas. Teve tweet que afirmava que até pais de família
leais podem ficar interessados. O cúmulo do absurdo foi um tweet que dizia que
é “incompetência em compreender as fraquezas do sexo oposto”.
Em primeiro lugar, foi muito antiprofissional da parte de
quem adicionou esses slides na notícia colocar apenas tweets que se
posicionavam a favor da vítima como a culpada pelo estupro. Um dos princípios
do jornalismo é a imparcialidade e também o de mostrar os dois lados. Já que
resolveu colocar a opinião dos internautas, deveria ter posto as diversas
opiniões e não apenas a que lhes convinha.
Em segundo lugar, argumentos como “Usa-roupa-curta-tá-pedindo”
partem do senso comum. Para quem não sabe senso comum é um conhecimento
popular, não tem fundamento científico, é passado de geração para geração e
muitas vezes não condiz com a verdade. Quebrar espelho dá sete anos de azar; se
alguém te pular, você não cresce; bater punheta faz crescer pelos nas mãos…
isso tudo é senso comum. Agora, partindo do princípio de que temos algumas
coisas do senso comum que realmente são verdade, devemos questionar
criticamente e ver se é o caso.
Se usar roupa curta equivale a pedir para ser estuprada,
países em que a única parte do corpo da mulher que pode ser visto é os olhos
deveriam ter um número nulo ou quase nulo de estupros. É o que acontece? Ou,
então, tribos indígenas onde o comum é não usar roupa nenhuma deveria ter
números massacrantes de estupro. É o caso? Não, não é. Com isso já sabemos que
o argumento da roupa curta é um senso comum equivalente à “gato preto dá azar”.
Agora, vamos ao tópico fraquezas. A dificuldade dos homens
de fazer mais de uma coisa ao mesmo tempo é uma fraqueza. Isso é explicado pelo
fato de desde os primórdios da história o homem ter que fazer apenas uma
atividade (caçar, por exemplo), dessa forma a parte do cérebro ligada a essa
ação era mais exercitada e é até hoje mais desenvolvida. Pessoas de cor clara
serem mais suscetíveis a terem câncer de pele é uma fraqueza. A falta de
melanina faz com que seja mais fácil a evolução de um carcicoma. Pessoas com
osteoporose terem mais chance de fratura em caso de queda é uma fraqueza. Um
ser humano racional, pleno de suas capacidades mentais, não conseguir não
estuprar uma mulher porque ela está de roupa curta não é uma fraqueza. São apenas desculpas de gente sem caráter.
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