Sinopse: Clássico português de Camilo Castelo Branco. Simão e Teresa amam-se
perdidamente, mas suas famílias não aprovam a relação. Diante de sua recusa em
casar-se com o fidalgo Baltazar, a jovem é trancafiada em um convento pelos
pais, para afastá-la do amado. Este, por sua vez, é enviado para Lisboa. Como
sobreviverá esse amor marcado por desventuras e desencontros?
Título: Amor de
Perdição
Autor: Camilo
Castelo Branco
Páginas: 118
Sim, eu li o clássico português Amor de
Perdição. Sempre fui fascinada pelo belíssimo título, mas nunca fui interessada
por começar uma leitura, justamente por conhecer mais ou menos o final trágico
da obra. Porém, como precisava lê-lo para a faculdade, não tive muita escolha.
O enredo segue basicamente Simão Botelho, um
jovem rebelde e Teresa de Albuquerque, filha de um rico e influente homem da
cidade. Filhos de famílias rivais, eles se apaixonam perdidamente e são
impedidos a todo custo de viver essa paixão. Assim, Simão é mandado para
estudar em Coimbra pelo pai, e Teresa é mandada para um convento, após se
recusar a casar com um primo por amor a Simão. Quando Simão retorna e Teresa se
vai para o convento, ambos escrevem cartas um para o outro, cheias de amor e
paixão que, a cada dia de afastamento, ficam mais desesperadas, até o ponto de
a angústia desse amor juvenil apresentar traços suicidas.
Antes de falar mais dele, é preciso saber que o livro faz parte do Romantismo, movimento cultural e literário em voga na Europa no século XIX. A literatura nessa época prezava, sobretudo, pelo sofrimento e angústia em relação à vida e ao amor. Há caos e extrema instabilidade emocional, tudo isso quebrando a idealização do protagonista/eu-lírico de ter esperança de ficar e permanecer junto da mulher amada. Assim, temos uma prosa com emoções e sofrimento, no mínimo, exagerados, tudo feito para convergir numa tragédia, já que a morte no Romantismo é a única forma de escape definitiva para esse sofrimento.
Amor de Perdição resume praticamente todas as
características do Romantismo, num grau absurdo, por isso é provável que os
leitores de hoje não se encantem com a história. Tudo é, até certo ponto,
corrido e exagerado. Mal vemos Teresa e Simão se conhecerem ou se apaixonarem,
e de repente eles já são separados. A relação deles que acompanhamos se passa
unicamente pelas cartas, e essas nem são a maior parte da história. É até
complicado encaixar esse livro no gênero “romântico” que temos hoje, pois o
livro não faz questão de trabalhar uma verdadeira relação entre os dois, como
se ela fosse apenas uma desculpa para o desencadeamento da dor, que parece ser o
objetivo principal da obra.
"Chore, minha irmã, chore, mas veja-me através das suas lágrimas."
Os personagens não são muito complexos, pois
apesar de as emoções e sentimentos serem muito trabalhados aqui, elas são
exageradas ao extremo e são levadas assim até o final. Simão e Teresa são
doentiamente apaixonados um pelo outro, e também há Mariana, que também é
doentiamente apaixonada por Simão, e nada mais além disso é aprofundado na
psique das personagens. Longos parágrafos de amor e de ações selvagens por
culpa dele é o bastante para o autor. A linguagem não se mostra difícil ou
complicada de entender, mas as muitas referências de época atrapalham bastante
a fluidez da leitura. O próprio começo do livro é devagar demais, mas quando o
enredo realmente começa, o ritmo melhora.
Obviamente, sendo uma obra inspirado em Romeu
e Julieta e mergulhada no Movimento do Romantismo, ela não poderia ter um final
feliz. É interessante que Amor de Perdição foi escrito enquanto o autor estava
na cadeia, preso justamente por um amor proibido, o que aumentou o sucesso do
livro na época e o ajudou a ter a sentença revertida. Leitores que apreciam uma
narrativa vorazmente apaixonada e emotiva, podem gostar de Amor de Perdição.
Mesmo para as pessoas de hoje em dia que não gostam muito do livro, ele ainda é
um dos maiores clássicos de Portugal, e vale a pena ser revisitado hoje
em dia.
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