Autor: Margaret Atwood
Páginas: 366
Editora: Rocco
"Escrito em 1985, o romance distópico O conto da aia, da canadense Margaret Atwood, tornou-se um dos livros mais comentados em todo o mundo nos últimos meses, voltando a ocupar posição de destaque nas listas do mais vendidos em diversos países. Além de ter inspirado a série homônima (The Handmaid’s Tale, no original) produzida pelo canal de streaming Hulu, o a ficção futurista de Atwood, ambientada num Estado teocrático e totalitário em que as mulheres são vítimas preferenciais de opressão, tornando-se propriedade do governo, e o fundamentalismo se fortalece como força política, ganhou status de oráculo dos EUA da era Trump. Em meio a todo este burburinho, O conto da aia volta às prateleiras com nova capa, assinada pelo artista Laurindo Feliciano." Sinopse retirada do Skoob: https://goo.gl/NiS1kE
Logo
que li o resumo soube que já tinha lido ele em algum lugar e gostado. Como
estou fazendo o TCC, decidi que não leria o livro. Temos que ter prioridades,
não é mesmo? Pois bem, estava decidido. Então estava no ônibus voltando para
casa e nesses aproximados 40 minutos de viagem acabei começando a ler o livro.
E é claro que não consegui parar e li tudo. O Conto da Aia é uma distopia. Quer
acertar no meu presente? Me dê um livro de distopia.
Quando
eu comecei a ler, não conseguia situar muito bem os acontecimentos em relação
ao tempo. Era um passado ou um futuro do hoje? É um futuro, na verdade. Então
você vê que o antes também não era igual ao que temos no nosso mundo. Antes da
protagonista ser uma Aia, ela era uma mulher quase comum, mas já haviam traços
de mudanças: a retirada da constituição e dos direitos das mulheres a
patrimônios foi só o desfecho de um caminho que já estava sendo construído há
muito tempo. O problema começou depois de um acidente com armas biológicas que
deixou várias pessoas inférteis, o que derrubou drasticamente as taxas de
natalidade no local. Entretanto, só se era admitido que mulheres estavam
inférteis. E aquelas mulheres que eram consideradas férteis eram basicamente
obrigadas a se tornarem Aias. Na verdade, elas poderiam “escolher” entre sexo
forçado ou trabalhar em local de alta radiação no qual você morre em poucos
dias.
A obra é narrada em primeira pessoa
pela Offred. Para início de conversa, sabemos que este não é realmente o nome
dela, e no decorrer da leitura veremos que todas as Aias são “Of” um homem (do
inglês, “de”). A sociedade na qual Offred está inserida é fundamentalista e
extremista. E assim como nos dias atuais, quem leva a pior são as mulheres. Uma
das passagens bíblicas mais citadas é uma passagem de Gênesis, 30: 1-3
“Vendo, pois, Raquel que não dava filhos a Jacob,
teve Raquel inveja da sua irmã, e disse a Jacob:
Dá-me filhos, ou senão eu morro.
Então se acendeu a ira de Jacob contra Raquel e disse:
Estou eu no lugar de Deus, que te impediu
O fruto de teu ventre?
E ela lhe disse: Eis aqui a minha serva, Bilha;
Entra nela para que tenha filhos sobre os meus joelhos,
E eu, assim, receba filhos por ela.”
Entra nela para que tenha filhos sobre os meus joelhos,
E eu, assim, receba filhos por ela.”
Offred
tinha uma filha e marido, dos quais foi separada. Ela vive um conflito pela
vida que leva, a que levava e a incerteza do amanhã. Os sentimentos ambíguos, a
falta de segurança e uma realidade da qual não se pode fugir são a mistura mais
presentes nos pensamentos de Offred. Em vários momentos esses pensamentos
pendem para o suicídio, inclusive, há algumas Aias citadas que se suicidaram.
“Não é da fuga que eles têm medo. Não iríamos tão longe. São daquelas outras fugas, aquelas que você pode abrir em si mesma, se tiver um instrumento cortante." (p. 16)
A
história toda se ambienta no dia a dia de Offred, com flashbacks de seu
passado, e essas alternâncias vão ajudando o leitor a compreender o que está
acontecendo. Existem outras personagens, como a Ofglen, o motorista Nick, ou
Serena, a Esposa. Mas a mais expressiva acaba sendo a Offred, pois é através de
seus olhos que vemos tudo acontecer.
O
final da história foi algo que amei e odiei (?). Bom, eu gosto bastante de
finais conclusivos, do tipo que você sabe o que aconteceu. Porém, também gosto
dos finais que ficam em aberto, e você tem que imaginar o que acontece depois. O
Conto da Aia tem o segundo tipo de final. O chato é que não importa o que você
pense, nunca será nada daquilo, porque aquela parte da história não foi escrita,
ou seja, não existe.
Enfim,
como distopia achei um livro muito bom, vale a leitura e por incrível que pareça,
traz a imagem da mulher de forma semelhante ao que é hoje, o que assusta muito.
Não é à toa que a série The Handmaid’s
Tale esteja fazendo tanto sucesso.
“Melhor nunca significa melhor para todo mundo, diz ele. Sempre significa pior, para alguns.” (p. 251)
Você
também leu o livro? O que achou? Conte para mim nos comentários ;)
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