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Quando o medo tenta te engolir você sabe. Acontece alguma coisa, aquela gota d'água que faz até o recipiente mais espaçoso do mundo transbordar. O pânico escapa pelos poros, escorre na pele, penetra, ataca o espírito. Você sente como se tivesse bebido uns três litros de água e que, ao invés de parar, está tentando por mais líquido para dentro.
Alguma coisa explode.
Você puxa o ar, porque ele tem que estar em algum lugar, e ofega, porque parece que ele não está, afinal de contas. As batidas do seu coração pulsam em seu ouvido, destoando do zumbido insistente que você sabe que só existe na sua cabeça.
Todas aquelas coisas que você achou que tinha superado voltam e provam que você estava errado. Elas estavam ali o tempo todo esperando você não aguentar, porque chega uma hora que você não aguenta, sabe?
Você pensa em ter força, conta até dez, até mil, mas a ardência nos olhos deixa claro que hoje não. Hoje é dia de ser engolido Hoje é dia de chorar como nunca costuma chorar e ter um curto circuito cerebral que te deixará de pernas bambas. Hoje é dia de ser fraco, é dia de se perder em si e não querer achar o caminho de volta. E então, é claro, te o amanhã.
Tem aquele dia depois desse dia. O dia de pensar melhor, racionalizar, de olhar para a vida e dizer "Hey! eu consegui. De novo". Aquele dia que buscamos e esperamos que seja melhor. Talvez seja. Mas você vai ter que ser engolido para que consiga chegar no amanhã, olhar nos olhos dele e ver refletido ali um ser humano pelo qual vale a pena lutar. E então, você luta.
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