A Queda da DC nos cinemas: a jornada de uma fã


Lá pra 2014, 2015, saiu o trailer de Batman vs Superman. Eu, fã convicta de histórias de super-heróis e já apaixonada pelo Universo Cinematográfico da Marvel, não tive dúvida: seria o melhor filme de super-heróis da Terra. Sim, eu já tinha visto o famoso The Dark Knight, mas de alguma forma, o primeiro trailer recuperou de mim os sentimentos mais antigos de passar horas assistindo Liga da Justiça quando criança. Não havia dúvida para mim. BvS não só iria revolucionar a maneira de compor super-heróis e suas relações antagônicas como seria uma obra-prima do cinema.

Diante disso, quando sentei na poltrona no cinema, não esperava nada menos que grandioso.

E então. Aconteceu.

Não tenho outra palavra melhor do que descrever meu sentimento quando o longa terminou: traída. Me senti profundamente traída. Talvez eu tenha tido uma expectativa alta demais, pensado muito do que eu esperava que aconteceria. Lembre-se que na época já se falava de Guerra Civil, o filme vindouro que a Marvel resolveu fazer para combater o até então imbatível BvS. Na época, eu já tinha lido a hq e nem esperava muito do filme. Imagine, dois super-heróis com ideologias opostas se enfrentam, mas parecia certo que a Marvel não traria o peso necessário às telonas. Apesar de ter gostado bastante da hq, sentia que BvS seria a obra que melhor apresentaria a seriedade entre super-heróis antagônicos.

Imagine a posição política distinta de Bruce e Clark, até que ponto ambos acham que super seres deveriam interferir em nossa vida, a própria discussão dos justiceiros e se tinham o direito de fazer o que fazem. Mas não. Momentos espetaculares como as cenas de Batman lutando e Superman salvando as pessoas não sobrevivem bem em roteiro pífio, em que nem mesmo a oposição entre os personagens título se sustenta.

Foi o início da minha insatisfação. 

E então, veio Esquadrão Suicida.

E o que falar de um dos melhores trailers cinematográficos que foi o trailer de Esquadrão Suicida? Parecia impossível que o filme pudesse ser ruim. Inimaginável. Quem achasse que o filme seria ruim estava simplesmente delirante. 


Infelizmente, enquanto o filme já iniciava sua pós-produção, a má e polêmica recepção de Batman vs Superman deixou os executivos de cabelo em pé. E se Esquadrão Suicida sofresse do mesmo mal? A ideia foi deixar o filme o mais longe possível de BvS, ou seja, menos sombras e trevas e mais piada e divertimento. Resultado: o longa foi completamente fatiado na ilha de edição, encurtado, refeito, com direito até a figuras e ficha de personagem coloridos aparecendo no próprio filme. 

Num filme fragmentado com um péssimo Coringa, não é uma surpresa que ele é acabou sendo pior que BvS. 

Mulher Maravilha foi um sopro de alívio. O primeiro filme protagonizado por uma heroína teve suas cenas icônicas, apesar de ser essencialmente um longa básico de origem, e no caso, focar-se além da conta da relação romântica de Diana com Steve Trevor, o que enfraqueceu a relação dela com as outras mulheres de sua família em favor de um homem. Após o filme, tinha certeza que Mulher Maravilha 2 seria promissor. Se Capitão América 2 é um dos melhores filmes do MCU, Mulher Maravilha 2 seria sua contraparte no DCU.

Liga da Justiça? 

Minha infância pode ser resumida em assistir desenhos de super-heróis. Sempre quis um filme da Liga. É claro que minha passagem pelo DCU tinha me desconectado com esse meu antigo desejo, pois não via como aquela Liga da Justiça épica dos desenhos pudesse ser transposta para o cinema. Não foi. O problema é que Liga da Justiça foi gravado pouquíssimo tempo depois de BvS, então, novamente, eles precisavam mudar radicalmente o tom do filme para que não se parecesse com BvS. Foi aí que ocorreu outra tentativa de emular a Marvel.

Se Esquadrão Suicida não teve tempo de ser completamente regravado para atingir isso, Liga da Justiça desde o início teve essa preocupação. “Um filme mais leve”, diziam. O problema era que o erro de Batman vs Superman nunca foi o fato dele ser sério e dramático. Foi o roteiro. Travestir seus filmes de piadas e um ar divertido, não consertou e nunca consertará a história a ser contada. Infelizmente, a DC/Warner, aparentemente, não sabem disso ou pelo menos, não querem dar o braço a torcer. 


Resultado: Liga da Justiça foi um fracasso financeiro. O que era para ser o filme mais importante de um grupo de super-heróis, foi um filme genérico cheio de CGI e um vilão péssimo. Mesmo quem gostou, concorda: Os maiores heróis do mundo mereciam um filme épico e melhor. A contratação de Joss Whedon na pós-produção após a saída de Zack Snyder não provocou muitos benefícios. Fãs da DC não querem Vingadores 2.0. Eles querem um BvS bem escrito e com uma melhor escalação de atores. 

Ou seja, o básico.

Nesse meio caminho, fomos bombardeados por notícias problemáticas. O filme do Flash já teve três diretores que abandonaram o projeto, o filme do Batman que seria escrito e dirigido por Ben Affleck, não será mais, existindo já a dúvida de ele continuará sendo o morcego. Já existem teorias de quem irá substituí-lo, nenhum confirmado. Todo o planejamento de filmes da DC parece ter sido jogado no lixo. Cyborg e Lanterna Verde parece que nunca serão gravados de fato, tal como Flash e até Batman. 

Mulher Maravilha 2 (até agora intitulado Mulher Maravilha 1984), o único acerto, era a única certeza positiva dos fãs. Eu, que como já disse, imaginava que seria superior ao primeiro filme tal como ocorreu com Capitão América, tive uma quebra de expectativa gigantesca com as últimas notícias. 

Steve Trevor, que morreu heroicamente no final do primeiro filme, aparentemente está vivo. Não só isso, como irá aparecer em 1984. “É uma ilusão”, “É só um neto dele”; bem, isso já foi refutado pelos produtores, e Steve já apareceu no set de filmagens com vestuário dos anos 80. Podemos dizer o óbvio como o fato dele estar vivo é tão estúpido quanto reviver o tio Ben do Homem Aranha ou os pais do Bruce Wayne. Um personagem chave para a origem de um super-heróis simplesmente não podem ser revividos a bel prazer. 


Além disso, inserir novamente um subplot romântico não é uma boa ideia. Já ouvi dois caras dizerem que não curtiram muito o primeiro filme, pois gostariam de ter visto um filme que focasse mais na guerra e menos no Steve Trevor. Teve uma frase interessante “Só porque ela é mulher tem que ter romance no filme!?!” Pelo bem do filme, ignorei o subplot de Trevor completamente. 

Óbvio que houve coisas fora do tom. O fato de terem preferido mostrar Diana se deparando com Steve Trevor nu, numa cena que se segue como desculpa para piadas com pênis ao invés de apresentar o suposto luto de Diana pela morte de sua tia e de como isso pode tê-la motivado a sair da ilha. E Diana ter se apaixonado pelo primeiro homem que viu na vida não ajuda em nada, além dele ter sido o único em quem ela pensou quando escolheu derrotar Ares. 

E podemos também discutir em como nunca antes um parceiro romântico do herói teve tanta importância ou tempo de tela. Ou talvez eu esteja vendo coisas demais. O que sei é que eu temo que isso se repita. Soldado Invernal, Pantera Negra, Dark Night foram filmes excepcionais de heróis masculinos sem nenhum subplot romântico. Mas claro, isso não é opção para uma heroína. De qualquer jeito, ela precisa de um homem.

Para mim, isso foi tão ruim que o DCU ter anunciado que farão um filme solo do Coringa. Ops, não um, mas dois. Com atores diferentes. Um deles será interpretado e produzido por Jared Leto. Sim, uma das piores coisas de Esquadrão Suicida foi o Coringa de Leto, e mesmo assim, ele conseguiu a façanha de um filme solo. Vamos lembrar que Leto culpa o diretor e o estúdio por terem cortado muitas de suas cenas, e que por isso o resultado final ficou abaixo do esperado. Apesar de isso ser verdade, não caí nessa. Mesmo com poucas cenas, ele deveria ter entregado um produto melhor. Na primeira cena em que Heath Ledger aparece com seu Coringa (em dois, três min.), ele já o estabelece, o que Leto não conseguiu fazer em quinze minutos.

Está claro que Jared só aceitou o filme solo se fosse também o produtor, assim, ele teria maior controle do que será e o que não será cortado. Mas surpresa. Além do filme com o Coringa detestado pelos fãs e crítica, nós também teremos um outro filme solo, dessa vez, no entanto, um filme de origem. Exato, uma história de origem para o personagem cuja melhor característica é não ter origem! O que sabemos, é o filme irá passar numa universo aparte do DCU, como eles irão explicar dois Coringas em dois universos distintos para o público (que em 95% dos casos não está acompanhando os bastidores) ninguém faz a menor ideia, principalmente a DC/ Warner. 

Isso sem contar os diversos filmes “anunciados”. Aspas porque uma hora é oficial, outra rumor, outra um anúncio oficial desmentido, um tweet. A verdade é que a DC/Warner não fala com a impressa. Parece que teremos o filme das Sereias de Gotham (da Arlequina, Poison Ivy e Mulher Gato), filme do Adão Negro, da Batgirl, isso sem contar de rumores a respeito de Flashpoint, filme das Aves de Rapina, filme da Arlequina, filme do Coringa E Arlequina etc. Ou seja, estão mais preocupados em anunciar qualquer filme que dê na telha do que escrever um bom filme para a trindade. Batman e Superman esquecidos no churrasco.

Eu só espero que o DCU pare de tentar emular a Marvel, a última coisa que quero é outra Liga da Justiça genérica e piadista. Também não quero outro BvS, em que as cenas lindas são mais importantes que coerência, roteiro e direção de atores. E se eu praticamente desisti de Mulher Maravilha 1984, Coringas e Batgirl (penso como esse filme sairá do papel sem um filme do Batman, que atualmente, pode estar sem o ator principal), ainda acredito que Aquaman será bom (muito bom!), apesar de termos zero informação e nenhum trailer. E Shazam será basicamente um filme voltado a crianças com o objetivo de trazê-las de volta ao universo DC.

Em resumo, eu quero muito que o DCU volte aos eixos, mas eles precisam entender: não são os efeitos especiais, piadas, cenas espetaculares ou um marketing monstruoso que fazem um bom filme. É a história. Conte uma história. Bem contada. E tudo irá se encaixar.

Fonte das imagens: <https://observatoriodocinema.bol.uol.com.br/artigos/2017/12/artigo-o-futuro-de-batman-e-do-universo-dc-sem-ben-affleck>. <https://veja.abril.com.br/entretenimento/esquadrao-suicida-diretor-queria-o-coringa-como-vilao/>. <https://fotografia.folha.uol.com.br/galerias/nova/1584157780584399-liga-da-justica>. <https://www.omelete.com.br/mulher-maravilha/mulher-maravilha/mulher-maravilha-recebe-classificacao-indicativa-nos-estados-unidos>.
A Queda da DC nos cinemas: a jornada de uma fã A Queda da DC nos cinemas: a jornada de uma fã Reviewed by Alana Camp. on julho 01, 2018 Rating: 5

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