Pancadão |
A sociedade, como um todo romantiza a imagem da mãe. Ela é uma mulher que deixa de ser o indivíduo para se tornar a mãe: aquela entidade mística e sagrada para a qual todo mundo acha que tem algo para ensinar. "Ser mãe é padecer no paraíso", só que não, né.
Ser mãe é criar um ser humano, ensinando seus valores e educando, sem nenhuma garantia de que está fazendo a coisa certa. Aliás, faltarão garantias e sobrarão dedos apontados para a sua cara. E ser mãe, em contrapartida do mito do "dom natural" é uma capacidade. Capacidade de abrir mão de horas de sono, capacidade de cuidar, de ensinar, de educar. Paciência para repetir mil vezes a mesma coisa, até o dia que a criança finalmente vai aprender, paciência para aguentar as crises da adolescência. Capacidade de abrir mão do tempo e do dinheiro que serão gastos nessa empreitada. Capacidade de colocar aquele ser, o filho, em primeiro lugar. Capacidade de amar o filho pelo que ele é.
Nem todas as mulheres têm essas capacidades. E tá tudo bem.
Nós romantizamos as mães e dizemos "ah, mas ela é sua mãe" sem saber se aquela pessoa teve uma mãe tão boa quanto a nossa. Talvez aquela mãe não tivesse as habilidades necessárias.
Eu tenho a sorte de ter uma mãe boa. Não boa de "bozinha e permissiva", porque quem conhece sabe bem que a primeira palavra que vem a mente quando pensam na minha mãe é "brava". Ela tem cara de brava, e é brava mesmo. Mas também é amorosa, é aquela pessoa que me acordava de manhã para ir para a escola com uma xícara quente de leite, a que me ensinou a fazer bolha de chiclete, que tentava domar meu cabelo cacheado e rebelde apesar de não fazer ideia de como lidar com ele, a que impunha limites, mas também assistia Cavaleiros do Zodíaco com a gente.
Se você tem a sorte de ter uma mãe boa, que te educou e te ama do jeito que é, seja grato. Abrace ela, beija, chama ela pra comer uma pizza ou sorvete. Se você tem espírito de artista, faça como o meu irmão que compôs essa música linda pra minha mãe. Valorize a sua mãe.
Eu sei que nem todas as pessoas têm a mesma sorte. E se você não tem essa sorte, lembre-se que a mãe, antes de ser mãe, é um ser humano e existe todo tipo de ser humano no mundo.
É isso, fiquei inspirada a escrever graças a música "Joia Rara" que meu irmão compôs. Queria que todas as pessoas do mundo pudessem ter uma mãe como a minha.
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