Layla: Quando Colleen Hoover tentou recriar Verity

 



Conheci Colleen Hoover na época em que Ugly Love foi lançado, quando os livros dela eram meio parecidos: homens atraentes com um segredo e cenas de sexo bem escritas (na verdade, o gênero New Adult tem esse detalhe de ser conhecido como um "erótico com história"). Eu não sei se ela queria pegar novos leitores e sair do estigma de só escrever New Adult, mas ela acertou em cheio em Verity. Essa roupagem de thriller e uma protagonista que não é 100% boa foi uma grande surpresa, é um livro que te segura.

Hoover com certeza amou as pessoas adorarem essa pegada sombria e de suspense, então recentemente ela publicou Layla

A história segue um músico que se apaixona por Layla em uma festa. Eles têm um romance tórrido e profundo, até Layla ser atacada pela ex-namorada dele e quase morrer. Após esse ataque, Layla fica traumatizada e deixa de ser a garota alegre por quem ele se apaixonou. Para tentar salvar o amor dos dois, o protagonista a leva de volta à pousada que os dois conheceram para passar alguns dias. Sozinhos na pousada, no entanto, coisas estranhas começam a acontecer e logo, suspeita-se que é algo sobrenatural.

Há muito, muito suspense, você fica com vontade de ler rápido para saber o que está acontecendo; e como pouco a pouco você começa a perceber que tem elementos que a Colleen normalmente não escreve sobre, a surpresa de saber se "é aquilo mesmo" te faz ler ainda mais rápido. É bem complicado falar sem spoilers, então já adianto que gostei bastante da leitura, não supera Verity em nenhum aspecto, mas para quem gosta de personagens lidando com traumas, casal lidando com problemas de relação e um pouquinho de casa mal-assombrada, é uma boa opção.

SPOILERS medianos:

A sinopse não deixa saber em nenhum momento que o livro é literalmente sobre o protagonista se apaixonando por uma fantasma, então quando deduzi que era isso, fiquei muito surpresa e animada. Gosto demais de histórias assim: o protagonista chega numa casa nova, conhece um fantasma e eles acabam fazendo amizade que até pode se transformar ou não em um romance. Isso contribuiu muito para a velocidade da minha leitura.

Aqui, a fantasma acaba possuindo o corpo da namorada do protagonista, e assim, eles vão desenvolvendo uma amizade. É algo cinza, ambos gostam muito da companhia um do outro, mas ao mesmo tempo, se sentem mal pelo que estão fazendo com a namorada dele, a Layla. Desde o acidente, Layla tem transtornos psicológicos e a relação entre eles nunca mais foi a mesma. A estadia na pousada é a tentativa do protagonista de salvar a relação e quem sabe, pedi-la em casamento e recomeçar a vida. Por isso, ele se sente ainda mais culpado, pois os dias que eram para ser de Layla, acabam sendo da fantasma. É muito interessante essa luta interna, ele saber que o certo é ele ajudar Layla a superar os traumas, mas preferir a fantasma e usar o corpo de Layla para isso.

O tempo todo, parece impossível não sentir pena de Layla. Ela passa por momentos tristes de tentar se recuperar emocionalmente e seu namorado a usa porque encontrou uma "nova amiga". É deprimente, na verdade.

Durante a leitura, eu fiquei preocupada no que acabaria acontecendo durante a fantasma usando o corpo de Layla. Mas felizmente, nada sexual aconteceu, eles não usaram o corpo de Layla para isso (porque seria um estupro). Isso deu oportunidade da relação ser muito além do típico "eles se acham atraentes, então claro que se gostam", é uma construção mais lenta, um companheirismo de verdade. 

SPOILERS pesados:

Claro que não é perfeito. Meu maior problema com o livro foi o tratamento da moralidade dos personagens. Dá ́pra dizer que aqui ninguém é perfeito, mas há uma tentativa forçada de fazer com que o protagonista seja o bonzinho coitadinho. Mesmo em Verity, há uma certa tentativa de tornar o "homem perfeito" da história em algo imperfeito que pode até cometer atrocidades. Aqui, o "homem perfeito" da vez faz coisas horríveis, mas o livro ainda tenta justificar e agir como se ele ainda fosse a perfeição em pessoa que merece um final feliz. Ele literalmente deixa a namorada em cárcere privado, amordaçada, aterrorizada. Mesmo antes de saber que na verdade não se tratava de Layla, para ele, era uma inocente e mesmo assim, fez o que fez. 

Eu não sei por que essa obsessão em escrever homens perfeitos só porque são bonitos. É como se o simples fato dele ser bonito já fizesse a Colleen correr contra o tempo para tentar justificar tim tim por tim tim porque na verdade ele nunca errou, só fazia o bem, é a bondade em pessoa, só os outros são ruins, ele nunca quis fazer o mal, não é culpa dele; sendo que não precisa, está tudo bem personagens cometerem erros. Não é preciso forçar a imagem de um personagem perfeito, está tudo bem protagonistas com falhas que não mereçam finais felizes.

CONCLUSÃO

Não sou a melhor pessoa do mundo para julgar livros sobre fantasmas, minha opinião é enviesada, porque é um tema que adoro, então se for ruinzinho, vou pelo menos aproveitar. Layla não é perfeito, mas é um bom passatempo. Se você gosta de fantasmas e da escrita da Colleen Hoover, não vejo por que não ler.


Layla: Quando Colleen Hoover tentou recriar Verity Layla: Quando Colleen Hoover tentou recriar Verity Reviewed by Alana Camp. on agosto 22, 2021 Rating: 5

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