El pais |
Desci do ônibus um, apertando a bolsa pesada contra meu corpo e caminhando rápido quando uma voz bonita começou a cantar um Rap. A música se chama "Castelo de Madeira" e ouvi o homem cantarolar os primeiros versos enquanto passava rapidamente por ele. "Milhões de brasileiros não tem teto, não tem chão. Eu sou apenas mais um na multidão..."
O homem da voz bonita era um morador de rua.
Indiferente ao seu talento latente, as pessoas passavam. Indiferente àquela realidade cantada e esfregada na nossa cara, nós, pessoas com casa e trabalho, passávamos e continuávamos os nossos caminhos.
Às vezes me pergunto: "O que eu posso fazer para mudar essa situação?".
A moeda que você dá, que talvez será convertida em drogas ou álcool, não vai mudar a vida daquela pessoa. Talvez vá fazê-la feliz por alguns momentos, até que o barato da droga passe, até que o quentinho do álcool dê lugar ao frio da calçada novamente. Talvez ele realmente vá comprar comida com aquele dinheiro que recebeu, porém, uma marmita de comida também não vai mudar a vida de um morador de rua. O buraco é mais embaixo.
A moeda que você dá, que talvez será convertida em drogas ou álcool, não vai mudar a vida daquela pessoa. Talvez vá fazê-la feliz por alguns momentos, até que o barato da droga passe, até que o quentinho do álcool dê lugar ao frio da calçada novamente. Talvez ele realmente vá comprar comida com aquele dinheiro que recebeu, porém, uma marmita de comida também não vai mudar a vida de um morador de rua. O buraco é mais embaixo.
Mas sabe, mesmo que eu não consiga pensar em como eu realmente poderia ajudar, não deixo de sentir uma parcela de culpa ao ver uma pessoa em situação de rua. Sinto uma parcela de pena. Eu vejo que a pele é, em sua maioria, negra e que muitos são jovens adultos. Imagino que tipo de vida tiveram e o que os levou até ali. Imagino como é ser invisível aos olhos da sociedade, um subumano.
E então olho para cima, para aquelas pessoas que escolhemos para nos representar; àquelas que têm o poder de mudar as coisas. As que fazem leis, apertam botões e decidem coisas importantes. E elas parecem tão preocupadas em combater inimigos imaginários! Não sobra tempo para olhar para a população de rua. O que é um mendigo passando fome perto de combater a ideologia de gênero? O que é um preto pobre morrer de frio perto de combater o comunismo iminente? Os inimigos da nação, atualmente, têm sido os homossexuais, as ONGS, os índios "querendo direitos demais", os veganos atrapalhando o desenvolvimento agrícola.
E enquanto combatem-se inimigos imaginários, os inimigos reais vão crescendo e abraçando essa população desamparada, desunida, pobre e carente de educação chamada Brasil.
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