Colleen Hoover, Adriel, João Pedro e o Georgy Floyd

Racismo no Brasil: 75,5% das pessoas assassinadas no país são negras
Observatório do terceiro setor


Se você me acompanha no Twitter, deve ter visto um tanto bom de tuítes e retuítes no dia em que a polícia sumiu com o menino João Pedro, que apareceu várias horas depois morto. João Pedro foi mais uma vítima do racismo no Brasil, um jovem negro de 14 anos com um futuro todo pela frente que teve sua vida prematuramente interrompida por uma ação policial violenta. O Brasil subiu no Twitter a #procurasejoaopedro

Ontem, chegou ao meu conhecimento que um menino negro de 12 anos foi vítima de racismo em seu Instagram literário e a internet se moveu - de pessoas famosas a Instagramers literários e pessoas comuns - para incentivar esse menino a continuar a ler e compartilhar suas leituras, sem deixar que o racismo o paralise. 

Se você me conhece, sabe que sou uma leitora apaixonada pela autora Colleen Hoover (basta uma olhada na quantidade de livros dela na minha wishlist).

E por último, talvez você tenha visto nos últimos dias notícias sobre Georgy Floyd e a volta do uso da #blacklivesmatter . Georgy foi abordado violentamente, e apesar de estar desarmado, foi morto por um policial. O caso dele foi apenas um entre uma série de mortes de pessoas negras nas mãos de policiais. Leia a notícia aqui.

Agora você deve estar se perguntando: como essas informações que coloquei nesse post e no título desse post se relacionam?? Eu explico.

Os Estados Unidos, bem como o Brasil - e tantos outros lugares pelo mundo - , são racistas. Não adianta negar, nós somos um país racista, e enquanto não admitirmos isso, não seremos capazes de resolver o problema. A hashtag do João Pedro foi levantada, assim como a Black Lives Matter, por pessoas bem intencionadas para mostrar que nos importamos e que não queremos ficar em silêncio enquanto vidas negras são perdidas, enquanto pessoas negras são discriminadas puramente pela cor de sua pele. 

Não posso descrever o quanto meu coração ficou partido quando li as atrocidades dirigidas ao Dri, de apenas 12 anos. Ele estava disseminando ódio, ofendendo pessoas, falando besteira? Não. Era apenas uma criança falando sobre as suas leituras, e especialmente nós, produtores de conteúdos literários, temos que repudiar isso. Nós que escrevemos sobre livros, mangás, literatura, e incentivamos outras pessoas a lerem e conquistarem a liberdade que a leitura proporciona, temos que ser os primeiros a darmos suporte para essa criança, para que ele veja que ele é um menino especial e usar seu perfil para falar sobre leituras é uma atitude louvável. Aliás, preciso bater palma para os Book Instagramers que se uniram e além de seguir o Adriel, divulgaram sua página. Seu perfil, que contava com pouco mais de 200 seguidores, chegou a 300 mil (da última vez que olhei). Pessoas famosas como @brunogagliasso e a @thelminha também manifestaram seu apoio ao Adriel.

Finalmente a Colleen: o caso de Georgy Floyd trouxe novamente à tona o racismo sofrido nos EUA, e ao assim como no Brasil, as pessoas se uniram para protestar contra isso - no caso dos EUA, aconteceram protestos violentos que dividiu opiniões. De famosos a pessoas comuns, várias pessoas se posicionaram contra o racismo e uma dessas pessoas foi a Colleen. Eu gosto muito do trabalho que ela produz, mas o orgulho que senti ao vê-la criticar abertamente o racismo, sem deixar espaço para "mas" não cabe no meu peito. Acho muito importante que não apenas as pessoas negras combatam o racismo, como também todas as pessoas e a Colleen calou a boca de muitas pessoas brancas e racistas com seu post.
 
Às vezes, as coisas ruins que acontecem a nossa volta nos desanimam e nos fazem pensar em desistir, e essa união toda tornou o meu dia um pouco melhor. Existem razões para acreditar nas pessoas. Existe muita gente ruim no mundo? E como! Mas existe também muita gente boa, gente que se une e que não se cala perante às injustiças.

Traduzido, abaixo, o post da Colleen Hoover (28/05/2020) e a descrição da postagem:

"Se você estava calado depois do assassinato de Georgy Floyd, mas está agora indignado com os tumulto, você ainda tem muito a crescer e aprender"



"Aparentemente isso precisa de um aviso legal para algumas pessoas brancas:

1) Você pode ficar com raiva e machucado sobre as duas coisas: o assassinato e a reação. Não é sobre isso, então não comente com um "mas..." 
2) Esse post é para as pessoas brancas que se mantém constantemente caladas quando injustiças acontecem, mas gritam quando elas não gostam da reação à essa injustiça. Se você não é uma dessas pessoas, por favor não comente que irá provar que você é uma dessas pessoas
3) Se você está para comentar 'Mas porque as pessoas coloridas* não podem protestar pacificamente?' Eu gostaria de te lembrar da indignação quando atletas protestaram silenciosamente ajoelhados. O que você quer, já que nenhuma reação é okay pra você? Eu encorajo você a postar uma solução, porque nada tem funcionado ainda.
4) Se você está para comentar "Mas porque as pessoas de cor não ficam com raiva sobre crime de negros contra negros em lugares como Chicago?" Você acha que isso também não está sendo falado? Porque está. Constantemente. Existem incontáveis instituições de caridade que ajudam a financiar a luta contra todos os tipos de violência. Se você se preocupa o suficiente com crime de negros contra negros para querer usar isso como um comentário de retaliação a esse post, eu te encorajo a colocar o seu dinheiro onde a sua boca está. Doe para Black United Fund of Illinoius ou uma das tantas instituições de caridades que combate isso. 
5) Antes de comentar com sua discordância a isso, tenha certeza de que está preparado para a lição."



Colleen Hoover, Adriel, João Pedro e o Georgy Floyd Colleen Hoover, Adriel, João Pedro e o Georgy Floyd Reviewed by Thaw on maio 29, 2020 Rating: 5

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