Bela Maldade | Resenha


Título (original): Beautiful Malice.
Autora: Rebecca James.
Editora: Intrínseca.
Páginas: 304.

Sinopse: Após uma horrível tragédia que deixou sua família, antes perfeita, devastada, Katherine Patterson se muda para uma nova cidade e inicia uma nova vida em um tranquilo anonimato.
Mas seu plano de viver solitária e discretamente se torna difícil quando ela conhece a linda e sociável Alice Parrie. Incapaz de resistir à atenção que Alice lhe dedica, Katherine fica encantada com aquele entusiasmo contagiante, e logo as duas começam uma intensa amizade.
No entanto, conviver com Alice é complicado. Quando Katherine passa a conhecê-la melhor, percebe que, embora possa ser encantadora, a amiga também tem um lado sombrio. E, por vezes, cruel.
Ao se perguntar se Alice é realmente o tipo de pessoa que deseja ter por perto, Katherine descobre mais uma coisa sobre a amiga: Alice não gosta de ser rejeitada…


Há muitos anos, conheci esse livro como sendo “só para quem estômago forte”, pois aparentemente, ele era “terror psicológico de alto nível”. Na época, eu era muito impressionável, não tinha coragem nem de ver Supernatural. Estando na minha lista por tanto tempo, mudei muito e quando o suspense e horror tornaram-se uns dos meus gêneros preferidos, naturalmente me lembrei de Bela Maldade e li. O romance Thriller de Rebecca James certamente me causou muitas sensações, nenhuma delas boa. E mesmo se tratando de uma história “sombria”, isso é ruim.
O romance segue Katherine Patterson. Uma tragédia que mais tarde causou um enorme impacto mediático, abalou sua família. Tanta dor e exposição, fizeram-na mudar de nome, casa e cidade. E claro, escola. Uma nova vida pronta para reconstrução, uma nova chance. Na escola, decidida a manter laços, mesmo que com distância segura (para ninguém saber que ela era a garota da tragédia), acaba por ficar amiga de Alice. Linda, extrovertida, honesta, Alice logo entra profundamente na vida de Katherine, seja com suas opiniões, influências, espaço, intimidade.
Não demora muito para Katherine notar comportamentos estranhos vindo de Alice. Uma mentira aqui e ali, excessos lá e cá. A nova vida que Katherine tenta reconstruir com amigos novos passa a ser ainda mais difícil ao perceber que Alice pode ser cruel e vil só por ser rejeitada. Aí temos alguns ingredientes que juntos, poderiam dar um excelente thriller, com carga dramática pesadíssima. Entretanto, a história não é só isso, ou melhor, poderia ser só isso, mas o que me pareceu ser a indecisão da autora, tornou-se pedaços diferentes dentro de um mesmo livro, no qual a trama de Katherine em sua nova vida com a amiga infernal é só uma delas.
Explico
O romance, na verdade, é dividido em três períodos de tempo: O dia da tragédia, depois da tragédia (o que chamaremos de trama principal) e futuro (muitos anos depois de tudo, quando Katherine já é adulta e tem uma filhinha). Os capítulos se dividem para contar cada período, como se cada um tivesse vida própria, não necessariamente super importante para a trama de amizade entre a protagonista e a Alice, a vil. Depois de alguns capítulos, eu não sabia mais o que exatamente a autora queria: focar na trama de traumas e amizades perigosas, ou na tragédia e na superação em si? Um romance precisa de foco, principalmente um que tem uma trama simples. Se a sua sinopse mostra o desenvolvimento de uma amizade até ela se tornar uma relação cruel, então é natural que o leitor pense que uns 90% do livro será dedicado a isso.
A protagonista tem o estereótipo mais escrito: achar que tudo é culpa dele. É natural, todos sentimos culpa, essa característica vai acabar sendo predominante em nossos personagens. A esperteza de escritores é fazer com que nós, leitores, nos compadecemos por esses personagens e fiquemos maus por eles. No caso de Bela Maldade, para mim, não teve jeito: ela foi irresponsável e culpada. Fim. Senti mal por ela, mas talvez fazê-la lidar com a própria culpa e responsabilidade fosse algo de importante, pois fazer personagens dizerem que “não foi culpa dela”, só pressupõe a infantilidade da protagonista. É sua culpa, lide com isso. Faça seus personagens crescerem.
Meu maior problema, no entanto, foi com a vilã. Alice é o estereótipo de patricinha e “piranha”. Provavelmente a culpa é minha, pois com toda a propaganda de “livro sombrio”, eu achei que encontraria uma grande história de psicopata. Sabe, uma garota com passado sombrio conhece essa moça e a amizade se desenvolve até a garota descobrir que se tratava de uma psicopata, porém, já era tarde demais para desfazer a amizade. Talvez eu tenha esperado uma história diferente para uma história que mal pincela suas próprias possibilidades. Alice é chata. Diminua os sintomas de psicopatia e acrescente (e muito) uma patricinha vingativa. Ela tem lábia, muita lábia em mentir (o que querendo ou não, é uma característica do transtorno antissocial, psicopata e sociopata), mas como em maior parte do tempo ela se preocupa em conseguir coisas com sua beleza, como se sexo fosse uma super característica de alguém mal, acaba ficando um pouco… irritante.
Sem falar dos capítulos que mostram o futuro, no qual Katherine está viaja para alguma montanha nevada com sua filha e pasmem, no começo do livro já sabemos como Alice terminará, mas isso não tem nenhuma importância para o conto no futuro. Na verdade, não me surpreenderia se tivesse sido escrito depois só para colocar açúcar no livro.
Sinceramente? Não é meu tipo de história. Se você quer escrever uma relação abusiva e violenta, escreva, mas se foque nela, se foque na violência psicológica, pesquise sintomas. Interessante que logo depois dele, conheci o livro Baseado em Fatos Reais, que trata verdadeiramente da relação potencialmente doentia entre duas mulheres, só que com foco. Porém, sinto que queria algo mais. Apesar de tudo, recomendo o livro principalmente para quem quer partir para leituras mais sombrias; nesse caso, pode ser um bom começo, pois boa parte dos diálogos são adolescentes baladeiros, nada acrescentam. Há cenas pesadas aqui e ali, então fique atento (apesar desses capítulos com cenas violentas, serem jogados sem conexão com o anterior ou o próximo).

Entretanto, se você também achou se tratar de uma boa trama psicopata, pode se decepcionar, mas só porque não é o tipo de livro para você.

Fonte:
Imagem retirada de: <https://goo.gl/8ecUh3>.
Bela Maldade | Resenha Bela Maldade | Resenha Reviewed by Alana Camp. on fevereiro 17, 2018 Rating: 5

Nenhum comentário:

Tecnologia do Blogger.