ATENÇÃO! ESSE POST É UMA CONTINUAÇÃO. SE CHEGOU AQUI POR ENGANO, TE ACONSELHO A LER OS CAPÍTULOS ANTERIORES.
Nenhum dos Cullen ficaram felizes quando eu e Jake decidimos levar a Heather para nossa casa. Jasper era o que mais e opunha a tudo.
Eles não podiam fazer nada. Eu e Jacob éramos adultos, casados e queríamos ficar em nossa casa, com nossa filha. Qual era o drama?
Tudo correu bem. Voltei a ser a mesma Renesmee.
Carinhosa, atenciosa. Na primeira noite Jacob me disse o quanto sentiu falta de mim. Eu ainda estava no período de resguardo, então apenas nos beijamos. Como as coisas sempre são mais rápidas para mim, em poucos dias eu já estava tirando todo o atraso com Jacob.
Aquele homem sabia me enlouquecer.
Jacob saia para trabalhar e eu ficava com a Heather. Às vezes eu olhava para ela, e me via. Ela era como eu em muitos aspectos. Na verdade, ela era exatamente como eu.
Então um dia cheguei a conclusão de que se eu com três meses podia caçar, ela também podia. E eu iria ensinar. Ela era capaz, ela era perfeita.
Saí carregando ela nos meus braços e procurei um alvo fácil. Assim que encontrei o que queria, voei no pescoço do animal e deixei-o completamente drenado.
– Sua vez. – Incitei.
Heather deu uns passos débeis e hesitantes. Ela tinha aparência de uns 2 anos, e era mais forte do que um adulto humano. Acredito que seja tão resistente quanto eu a quedas e ferimentos, embora nunca tenha feito o teste.
Ela olhava para um lado e para outro, sem saber onde estava a presa. Parecia errada, deslocada. Como se fosse uma humana normal e não a minha Heather. Eu já estava perdendo a paciência.
– Está para lá, Heather! – Disse impaciente.
Ela me lançou um olhar triste, mas não me importei. Ela tinha que aprender a se virar, oras!
– Vai logo, menina. – Falei por fim, ao ver sua hesitação.
Ela assustou-se quando eu disse isso, mas foi na direção que pedi.
E não voltou.
Esperei por uns vinte minutos. Aquilo era tempo demais para caçar um simples cervo.
Garota incompetente. Murmurei em pensamentos. Não é possível que não consiga fazer isso sozinha!
Não estava com a mínima paciência de procurar a pestinha. Ela que voltasse para casa sozinha. Se perdeu sozinha, que volte sozinha.
Retornei para casa, e fiquei esperando ela voltar.
Mais uma hora se passou e nada de Heather aparecer.
Jacob chegou, e a primeira coisa que ele perguntou foi sobre ela.
– Saímos para caçar e ela não voltou. – Disse simplesmente.
Jake ficou me encarando cheio de expectativa. Parecia que ele estava esperando eu dizer “Estou brincando” e dizer que ela, sei lá, foi visitar o Billy.
– Estou falando sério, Jacob. Estava quase para ir atrás dela, e lhe meter uma surra. Mas, já que você chegou, procura você.
Tá, eu nunca tinha batido nela antes, mas dessa vez ela estava merecendo. Talvez eu exagerasse na dose e machucasse ela feio, mas e daí?
– Você… – Jacob começou hesitante. – VOCÊ ENLOUQUECEU?
– Se você não quer procurar, eu procuro. Mas vou avisando, na hora que eu pegar essa menina… – Nem tive tempo de terminar a ameaça, pois Jacob já tinha saído para procurar a Heather.
Não demorou muito, e eles estavam de volta. Ouvi Heather resmungando baixinho. Os passos de Jacob eram pesados, então eu soube imediatamente que ele estava muito, muito bravo.
Ele entrou na sala com Heather no colo. Ela estava machucada, e estava tentando prender o choro. Jacob colocou-a no sofá e se virou para mim como um predador sanguinário.
Ele segurou-me pelos ombros e me chacoalhou com violência.
– VOCÊ ESTÁ LOUCA, RENESMEE!? – Gritou. – Você está louca. – Afirmou, e só então percebi que ele chorava. Sua expressão estava transformada em uma máscara de dor e as lágrimas corriam pelo seu rosto. – Ela podia ter morrido. É apenas… ela é um bebê.
Assustada, tentei me justificar.
– Mas quando eu tinha três meses…
– A Heather não é você! Quer matar nossa filha?
– Não que isso fosse grande coisa.
Arregalei os olhos quando percebi que essa frase saiu da minha boca. O que estou dizendo? O que estou fazendo? Apertei minha cabeça com força, tentando me libertar daqueles pensamentos estranhos. Era como se uma chave tivesse virado e tudo parecesse errado e irreal. Eu não queria machucar minha filha, não queria agredir ela, não queria vê-la morta, não queria nada disso.
Como se tivesse levado um choque, Jacob me soltou. Ele pegou Heather no colo novamente, e levou-a no banheiro. Observei quando ele tirou a roupa dela, e ficou conversando, tentando acalmá-la.
– Vovô Carlisle vai dar uma olhadinha no seu braço. – Ele disse. – E a mamãe vai ficar cuidando da casa para nós, está bem?
Foi quando percebi algo que doeu fundo em mim.
Eu era perigosa.
Olhei para Heather, encolhida em baixo do chuveiro. Ela segurava seu bracinho, e tinha um expressão de dor no rosto. Ela pedia desculpas com os olhos, como se tivesse falhado comigo.
Mas não era assim.
Era eu quem tinha falhado com ela.
Jasper estava certo. Tinha algo errado comigo. E eu não queria de forma alguma ferir minha filha.
Enquanto eu digeria aquela nova realidade, Jacob já tinha enxugado e trocado Heather. Ele passou por mim na sala, sem sequer me olhar.
– Nós já voltamos. Espero que quando eu e a Heather chegar, te encontremos mais equilibrada.
Eu não disse mais nada.
Eles não me encontrariam equilibrada. Eles não me encontrariam de jeito nenhum.
Se eu era um problema, eu sairia. E eu sabia que eu era.
Não me dei ao trabalho de pegar nada meu. Saí apenas com a roupa do corpo, sem deixar sequer um bilhete para trás. Eu não merecia ser chamada de mãe. Eu não merecia ser esposa do Jacob. Eu queria morrer.
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