Certamente aqui estou sem saber se vou ou fico, como um peregrino que há muito já se perdeu. Por quilômetros caminhei, por dunas e areia e mato só com sandálias de couro de proteção. O sol raiava muito forte, porém continuei indo. Meio dia o sol bateu a pino e ao longe vi esta torre. A altíssima construção subia ao céu e eu mal pudera ver seu fim, este entranhado nas nuvens brancas e quentes.
A porta destrancada convidou-me sedutoramente e fui-me pelas escadas em espiral. Terra, pedras, solitude, todo o cheiro me ensopava mas não havia calor ali. Cheguei aqui sem bússola ou mastro, e daqui continuarei minha jornada. Desta torre branca de marfim que se encerra no Altíssimo, olharei as estrelas e delas rezarei aos seus encantos. E partirei ao raiar do dia.
Mas o sol ainda cospe lá do alto e desta janela nada posso fazer além olhá-lo em espanto. Sei que tudo se manterá como sempre ocorrera, sei que não haverá pausas maiores que estas; a viagem continuará até que eu não veja mais razões para fazê-la. De pé na janela, o vento tenta me carregar para fora, e quando o sol morre no horizonte, estou ciente que há horas não desço desta janela e o vento é doce para comigo. A lua cheia de gratidão encara-me e nada posso fazer senão encará-la em retorno.
Duas luas brilham, uma no céu, outra no mar. Impulsiono-me e tento voar para a lua do céu, porém acabo na lua do mar.
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